66 milhões de brasileiros estão com dívidas atrasadas
O Brasil atingiu, em março de 2023, a maior inadimplência da série histórica do levantamento realizado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). De acordo com o indicador, quatro em cada dez brasileiros adultos (40,58%) estavam negativados em março deste ano. São 66 milhões de brasileiros com dívidas atrasadas. As informações são da base de dados da CNDL/SPC Brasil, que abrangem as capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal.
“O recorde de inadimplência no país é reflexo de incertezas econômicas vividas nos últimos anos, dos altos juros do Brasil, desemprego e renda baixa. É necessário que o governo olhe com atenção e busque uma estabilidade econômica para que o consumidor tenha condições de negociar e pagar seus débitos”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Em março de 2023, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 8,32% em relação ao mesmo período de 2022. A variação anual observada em março deste ano ficou acima da observada no mês anterior. Na passagem de fevereiro de 2023 para março de 2023, o número de devedores cresceu 1,01%. Além disso, em 12 meses, aumentou a quantidade de pessoas com dívidas atrasadas de 1 a 3 anos (13,18%).
O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em março está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,84%), são 16,37 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Tal montante equivale a 47,96% do total desta deste grupo etário. A inadimplência segue bem distribuída entre os sexos: 51,06% mulheres e 48,94% homens.
“O consumidor necessita de um ambiente mais equilibrado economicamente para conseguir sair da inadimplência. A renda ainda está muito baixa e os juros altos. Além disso, temos a questão da educação financeira e dos gastos por impulso que contribuem negativamente para esta realidade da inadimplência no país”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Cada negativado deve, em média, R$ 3.974,73
Em março de 2023, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.974,73 na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para 2,05 empresas credoras.
Os dados ainda mostram que cerca de três em cada dez consumidores (31,99%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 46,35% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
Em março de 2023, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 19,18% em relação ao mesmo período de 2022. O dado observado em março deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de fevereiro/2023 para março/2023, o número de dívidas apresentou alta de 1,81%.
Destaca-se a evolução das dívidas com o setor de Bancos, que registrou crescimento de 32,08%, seguido de Água e Luz (15,79%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de Comunicação (‐13,96%) e Comércio (‐3,46%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 64,03% do total. Na sequência, aparece Comércio (11,54%), o setor de Água e Luz com 10,84% e Comunicação com 7,03% do total de dívidas.